segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

FAVELA DO MOINHO: invisível para quem?


Uma fábrica e um moinho. Do outro lado um Viaduto. Entre eles, há trinta anos, a Favela do Moinho, região Central de São Paulo.

Favela do Moinho: invisível para quem?

Há uma linha de trem. Pessoas passam por ali todos os dias. Será que ninguém vê?
Uma comunidade invisível para o enriquecimento da elite. Invisível para o poder público.


No dia 22 de dezembro de 2011, parte da Favela do Moinho foi destruída por um incêndio que deixou mortos, feridos e sofrimento para os moradores. Foram 368 famílias atingidas pelo incêndio, segundo a Secretaria Municipal de Habitação da Prefeitura de São Paulo.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) moravam nessa comunidade 532 famílias, sendo 1.656 pessoas.

Favela do Moinho: uma favela no centro do abandono e distante da qualidade dos direitos sociais rezados na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no artigo 6º “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.

Já que temos os direitos, por que não temos o que os direitos garantem na realidade?

Há várias respostas para essa questão a qual carece de um debate mais intenso. Porém, não querendo remetê-la a uma resposta curta e simples, pontuo que o acesso aos direitos, ou melhor, a forma do acesso e como ele é acessado interferem no processo de conquista e de efetivação dos direitos. No caso brasileiro, temos que fazer manifestações para provarmos que somos cidadãos ou que precisamos de cidadania. Cabe aqui uma reflexão sobre a cidadania no Brasil (Carvalho, 2010).

Temos um abismo entre o discurso e a prática. A pobreza e a miséria são rentáveis para os 'latifundiários historicamente contemporâneos'. Nas palavras de Mano Brown “O Brasil tem solução. É só dividir a riqueza.”


Também acredito que o Brasil tem solução, mesmo sabendo que dividir é uma ação inutilizável pela elite brasileira.

Ontem, dia 22/01/12, um mês após o incêndio, aconteceu na comunidade o "Festival Moinho Vivo". Um evento beneficente que teve por finalidade arrecadar doações para os moradores.

A saber, os convidados que fizeram apresentações (de acordo com flyer de divulgação do Festival) e os vários rappers e pessoas que acompanham e/ou promovem ações por meio da cultura Hip Hop que estavam presentes: Mano Brown, Edi Rock, Don Pixote, Dexter, Gregory-Total Drama, Nego Jam, Lino Cris, Ndee Naldinho, Crônica Mendes, Lindomar 3L, Gedson Dias, Jairo Periafricania, Du Corre, Emicida, Us Vagabundo Chic, Rincon Sapiência, Caos do Subúrbio, Q.I. Alforria, Rimatitude, Pacto de Vida, Ortiz, In. Formação de Atack, Interna Mente, James Bantu, Antônio Lord Boff, Massão, Pacto de Vida, M2D, D’ Quebrada, Rappin Hood, Filhos do Leão, Slim Rimografia e Thiago Beats, Maomi, Inquérito, Negredo, Rebelde e Sombra, DBS e a Quadrilha, Art Popular, Leci Brandão, Sampa Crew, Jéssica Balbino, Nina Fideles, Carlos Carlos Pereira, Milton Sales, JB e JD Jairo e vários outros.

Foi um evento que me fez lembrar a origem do Hip Hop e me fez pensar como a humildade faz do homem merecedor de suas conquistas por não se esquecer daqueles que precisam de ‘espelhos’ para vislumbrarem uma vida melhor.

O RAP é alimento. O RAP é a música que expressa a verdade de dentro do real diário das pessoas, principalmente, daquelas que sobrevivem nas periferias.

Isto é, de acordo com Dexter “Quer conhecer o povo? Ame o RAP.”

Essas simples palavras são de solidariedade e de luz para os moradores da Favela do Moinho.


Um salve!

"Não é qualquer um que pisa no barro mesmo vindo dele."

Vulgo Elemento
Fonte:  http://estadao.br.msn.com/fotos/implos%C3%A3o-em-sp-1

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